Crônicas Ilustradas 6
Crônicas Ilustradas 6
Nesta fase violonista, um dos maiores
incentivos que eu recebi veio de Henrique Pinto.
Orlando tinha montado o Quarteto de
Violões de Curitiba, e todos nós, Eu, Guilherme Campos, Paulo Demarchi e
Rogério Budasz, tínhamos que adquirir um violão de alto nível porque a regra
era clara: Se estávamos ensaiando, 3 vezes por semana, era para tocar! E
tocamos. Muito. Em Curitiba, no interior do Paraná, em Santa Catarina e em São
Paulo capital.
Eu tinha um Di Giorgio, modelo
Tárrega (de boca oval) que, inicialmente, resolvia o problema, mas, quando
Paulo e Rogério compraram violões de luthier, eu e Guilherme sentimos a
pressão.
Quando Guilherme conseguiu juntar dinheiro
para comprar seu violão, pediu ajuda para não se perder em São Paulo, e eu fui
junto. Por ter uma namorada em São Paulo, viajava com frequência para lá e
sabia andar razoavelmente bem na cidade.
Ao chegarmos na casa do Henrique Pinto (que
era perto de onde morava minha namorada), ele nos deixou em um quarto cheio de
violões para venda aos alunos. Enquanto Guilherme escolhia seu “Laurentino”, eu,
que não tinha dinheiro, fiquei tocando diversos violões.
Cheguei num JB (João Batista) - que
naquela época era um ilustre desconhecido - e foi amor à primeira vista ou ao primeiro
acorde.
A gente
estava tão empolgado tocando, que o Henrique, entrou no quarto e ficou
elogiando a sonoridade do “duo”.
Guilherme
escolheu o Laurentino e eu devolvi, com dor no coração, o JB.
Henrique falou: - Não vai levar?
Eu: - Infelizmente não tenho dinheiro...
Henrique: Leve, depois você me paga.
Eu retruquei: Mas eu não tenho dinheiro!
E ele disse: Mas você vai arrumar. Eu
confio.
Voltamos
inacreditavelmente felizes e a estória correu.
Todo dia tinha alguém lá em casa para
conhecer o violão de 1.000 dólares que o Henrique Pinto me deixou trazer na
confiança.
Eu, que nunca fui muito de guardar
dinheiro, nunca trabalhei tanto.
Em dois meses o violão estava pago.
Sem dúvida alguma, se eu não tivesse tido
a possibilidade de ter um instrumento de alto nível, nunca saberia a diferença
que isso faz na carreira da pessoa.
10 ou 12 anos depois, num período de
extrema penúria e falência financeira total, tive que vendê-lo.
Em 2023, por intermédio de meu amigo
Alessandro Gomes, consegui recomprar o violão.
Mas está é uma estória para outra
crônica...
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